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"Aproved by the Comic Code Authority" - Uma breve história de um selo que influenciou de forma positiva toda a produção de quadrinhos e desenhos animados.


Em 1954, nos Estados Unidos, surgiu o Comic Code Authority, um selo criado pela Comics Magazine Association of America que estampava as capas das revistas em quadrinhos dizendo que a revista possuía um conteúdo seguro, e poderia ser lida pelo público infanto-juvenil. Por muitos e muitos anos este código recheado com os bons valores Cristãos, que começou nos quadrinhos, influenciou grande parte da mídia, e muitos heróis são o exemplo da boa moral e do bom costume devido a este código de ética. Embora filmes no cinema e desenhos animados na tv não tivessem um código de ética próprio, não dá pra negar que o código dos quadrinhos influenciou também nas produções audiovisuais. Mas infelizmente este código de ética não é mais usado mais pelas editoras.




Vamos entender um pouco da história desse código e por quê ele foi criado: Por volta dos anos 50, as revistas em quadrinhos eram publicadas em massa e vendidas a preços muito baratos (custavam menos de 1 dólar, qualquer criança podia comprar com a mesada), e não havia classificação de faixa etária e nem censura alguma. Os gêneros de histórias em quadrinhos sempre existiram, haviam histórias de super-heróis, humor, romances, novelas em quadrinhos e também terror, mas não havia nada que alertasse sobre o conteúdo das revistas nas capas. E apesar de muitas capas terem também imagens grotescas, outras não tinham, mas seu conteúdo era muito ruim. Entendam que sempre existiram histórias em quadrinhos boas e histórias em quadrinhos ruins, por isso não podemos dizer que todo quadrinho é ruim. Existe arte boa e arte ruim. Existe música ruim, e existe música boa. Existem músicas para louvar a Deus, e não podemos para de cantar só porque existem músicas ruins. Do mesmo modo não podemos dizer que todas as histórias em quadrinhos são ruins, afinal existem também quadrinhos Bíblicos.


 Frederic Werthan, psiquiatra Cristão
   

Naquela época Frederic Werthan, um psiquiatra Cristão que tratava de jovens delinquentes, percebeu em sua clínica que todos os delinquentes tinham algo em comum: todos liam quadrinhos. Pesquisando mais a fundo sobre as revistas, Frederic Werthan concluiu que as histórias em quadrinhos eram prejudiciais e responsáveis pela delinquência juvenil. Para Werthan, as histórias em quadrinhos incitavam o crime e a violência. Werthan não foi o primeiro a reclamar do conteúdo das histórias em quadrinhos, principalmente dos quadrinhos de terror, mas uma grande parte da população, especialmente os pais, já demonstravam queixas para as editoras. Mas ele foi quem causou mais impacto com suas queixas e o lançamento de seu livro: The seduction of innocent, um livro que criticou fortemente e duramente as histórias em quadrinhos da época. E foi por causa desse livro que surgiu o Comic Code Authority.

O livro de Frederic Whertan tinha alguns exageros, afinal ele não criticou somente as histórias realmente ruins, ele criticou as boas também, mas vamos dar um desconto para Werthan, afinal ele mesmo não entendia muito de quadrinhos e quando ele resolve pesquisar encontra muitos quadrinhos ruins! É compreensível que ele tivesse uma visão geral de que todo quadrinho era ruim. E no fundo ele tinha razão, haviam realmente muitas histórias ruins que cometiam excessos! O trabalho de dele foi muito bom, e foi por causa dele que foi criado o Comic Code Authority, o código de boa conduta e boa moral para as histórias em quadrinhos. O código é realmente muito bom, e é recheado com os valores Cristãos. 

Depois de muitas discussões, protestos, revistas queimadas e pedidos para fechar as editoras, ficou estabelecido que as editoras poderiam continuar com suas publicações, afinal, prezava-se muito pela liberdade de expressão, porém um grupo de editores, os que queriam publicar bons quadrinhos, formou o Comics Magazine Association of America e criaram o Comic Code Authority. Toda edição de quadrinhos era enviada par a Comics Magazine Association of America, e se aprovada, recebia o selo “Aproved by the Comics Code Authority” na capa. E assim dava pra saber o que comprar e o que não comprar, e isso levou muitos quadrinhos ruins à falência.

Essa revista do Lanterna verde e do Arqueiro Verde só foi aprovada porque combatia as
drogas abertamente. No geral o código não permitia falar de drogas.



O código permaneceu durante vários anos, e mesmo sem o selo, percebemos que muitos valores fixados por causa do código ainda permanecem em algumas histórias. Não se sabe ao certo quando o selo parou de ser usado, e nem quais motivos levaram ao seu desuso, o que eu sei é que estamos quase precisando do retorno desse código, muitas produções de quadrinhos e audiovisuais de hoje em dia não estão transmitindo bons valores. 



Revista em quadrinhos de romance da época.



Fique agora com o CÓDIGO DE ÉTICA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS:

Normas Gerais Parte A


1. Crimes nunca devem ser apresentados de modo a que se crie simpatia para com o criminoso, a promover a desconfiança nas forças da lei e da justiça, ou para inspirar desejo de imitar criminosos.

2. Nenhum quadrinho deve mostrar explicitamente os métodos e detalhes únicos de um crime.

3. Policiais, juízes, oficiais do governo e instituições respeitadas nunca devem ser mostradas de modo a que se crie desrespeito pela autoridade estabelecida.

4. Se um crime é descrito, deve o ser como uma atividade sórdida e desagradável.

5. Criminosos não devem ser mostrados de modo a que se lhes empreste glamour ou ocupem uma posição que crie desejo de imitação.
6. Em todas as situações o bem deve triunfar sobre o mal e o criminoso deve ser punido por seus atos.

7. Cenas de violência excessiva devem ser proibidas. Cenas de tortura brutal, lutas armadas excessivas e desnecessárias, agonia física, crime hediondo ou sanguinolento devem ser eliminadas.

8. Métodos incomuns ou raros de esconder armas não devem ser mostrados.

9. Ocorrências de oficiais da lei morrendo em decorrência de atividades de criminosos devem ser desencorajadas.

10. O crime de sequestro nunca deve ser retratado em qualquer detalhe, nem o sequestrador ou raptante deve conseguir qualquer lucro. O criminoso ou sequestrador deve ser punido em todos os casos.

11. O corpo da palavra “crime” em uma revista em quadrinhos nunca deve ser apreciavelmente maior do que as outras palavras contidas no título. A palavra “crime” nunca deve aparecer sozinha numa capa.

12. Restrições no uso da palavra “crime” em títulos ou subtítulos devem ser exercidas.



Normas gerais Parte B:

1. Nenhuma revista deve usar a palavra “horror” ou “terror” no seu título.

2. Todas as cenas de horror, derramamento de sangue excessivo, crimes hediondos ou sanguinolentos, depravação, lascívia, sadismo, masoquismo não devem ser permitidas.

3. Todas as ilustrações lúgubres, hediondas, desagradáveis devem ser eliminadas.

4. Inclusão de histórias lidando com o mal devem ser utilizadas ou publicadas apenas onde o intento é ilustrar uma lição de moral e em nenhum caso o mal deve ser apresentado lugubremente nem para ferir as sensibilidades do leitor.

5. Cenas lidando com, ou instrumentos associados a zumbis, tortura de vampiros ou vampirismo, fantasmas, canibalismo e licantropia são proibidas.



Normas Gerais Parte C:


Todas as técnicas ou elementos não mencionados aqui, mas que sejam contrários ao espírito e intenção do Código, e são consideradas violações de bom gosto ou decência, devem ser proibidas.


Diálogos:

1. Profanação, obscenidade, linguagem obscena, vulgaridade ou palavras ou símbolos que tenham adquirido significados indesejáveis estão proibidas.

2. Precauções especiais para evitar referências a aflições físicas ou deformidades devem ser tomadas.

3. Embora gírias e coloquialismo sejam aceitáveis, o uso excessivo deve ser desencorajado e sempre que possível boa gramática deve ser empregada.


Religião:

Ridicularização ou ataque a qualquer grupo social ou religiosos nunca é permissível.


Trajes:

1. Nudez de qualquer forma é proibida, assim como exposição indevida ou indecente.
2. Ilustrações sugestivas ou obscenas ou atitudes sugestivas são inaceitáveis.

3. Todos os personagens devem ser mostrados em roupas razoavelmente aceitáveis à sociedade.

4. Mulheres devem ser retratadas realisticamente, sem exagero de quaisquer qualidades físicas.

NOTA: Deve ser entendido que todas as proibições lidando com trajes, diálogos e ilustrações se aplicam tanto à capa quanto ao miolo da revista.

Casamento e Sexo:

1. Divórcio não deve ser tratado humoristicamente nem representado como desejável.

2. Relações sexuais ilícitas não devem ser indicadas nem retratadas. Cenas de amor violentas tanto quanto anormalidades sexuais são inaceitáveis.

3. Respeito pelos pais, o código moral e comportamento honorável devem ser alentados. Uma visão simpática dos problemas do amor não é uma licença para distorção moral.

4. O tratamento de histórias românticas deve enfatizar o valor do lar e a santidade do casamento.

5. Paixão ou interesse romântico nunca devem ser tratados de forma a estimular emoções baixas e vis.

6. Sedução e estupro não devem ser mostrados ou sugeridos.

7. Perversão sexual ou qualquer referência à mesma é estritamente proibida.


Código para questões de Propaganda:


1.Propaganda de bebida alcoólica ou tabaco não é aceitável.

2. Propaganda de sexo ou instruções sexuais são inaceitáveis.

3. A venda de cartões postais, “pin-ups,” “estudos de arte” ou qualquer outra reprodução de figuras nuas ou semi-nuas é proibida.

4. Propaganda para a venda de facas, armas retráteis ou facsímiles de armas realísticos é proibido.

5. Propaganda para a venda de fogos de artifício é proibida.

6. Propaganda lidando com a venda de equipamento de jogo ou impressos lidando com equipamento de jogo não deve ser adotada.

7. Nudez com propósitos meretrícios ou posturas lascívias não devem ser permitidas na propaganda de nenhum produto; figuras vestidas nunca devem ser apresentadas de modo a serem ofensivas ou contrárias à moral e bons costumes.

8. Ao melhor de suas habilidades, cada editor deve averiguar que todas as colocações feitas em propagandas conformam com a realidade e evitam interpretação incorreta.

9. Propaganda de produtos médicos, de saúde e toilette de natureza questionável devem ser rejeitados. Propaganda desses produtos endossados pela American Medical Association, ou pela American Dental Association, devem ser julgados aceitáveis se estão de conforme com outras condições do código de propaganda.





2 comentários:

  1. Censura, apenas. Da mesma forma que censuram conservadores hoje, nos anos 40 os censuradores éramos nós. Que vergonha.

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    1. Não era censura amigo, releia o texto, foi apenas uma categoria criada voltada maisnpra família que levava esse selo. Nenhum quadrinho foi impedido de publicar o que queria, apenas o público que exigiu um conteúdo mais família.

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